25 Anos Mais Tarde: O Primeiro Encontro Antirracista do Bloco

O primeiro encontro nacional antirracista do Bloco de Esquerda, batizado “Nosso Futuro, Nossa Libertação” vai realizar-se nos dias 29 e 30 de junho, na Amadora, 25 anos após a criação do Bloco.

Nascido da necessidade de um espaço para discutir com mais profundidade o racismo do qual ainda somos vítimas diariamente, de continuar a discussão do passado colonial que não é assim tão distante, para termos também um lugar simultaneamente de politização, mas também de comunidade, foi criado este núcleo antirracista.

O núcleo organizador do fórum antirracista é constituído maioritariamente por pessoas racializadas e/ou migrantes, pois queremos ser as narradoras e construtoras das nossas histórias, expressar as nossas preocupações, para que o diálogo não seja controlado por pessoas brancas que apenas estudam o racismo, mas nunca o experienciaram.

Para que o primeiro encontro nacional antirracista seja verdadeiramente representativo, organizamos várias reuniões preparatórias abertas ao público, por todo o país. Assim, cumprindo o nosso objetivo, que seja um encontro de construção política conjunta e aprendizagem mútua e não uma imposição de narrativas, onde vamos ensinar às participantes “o que é o racismo”, queremos ao invés que elas partilhem as suas experiências e visões.

Apesar do Bloco de Esquerda ser um partido de esquerda progressista com um programa antirracista, o Bloco – à semelhança a todos os partidos portugueses – tem um problema enorme de representatividade a nível étnico-racial, sendo que as pessoas na direção são praticamente exclusivamente brancas. Nós queremos mudar isso.

Queremos mais pessoas negras, ciganas e migrantes no partido, não como tokens, mas como vozes que lideram o discurso antirracista – e que não se cingem a falar apenas sobre o racismo, mas de feminismo, dos direitos LGBTQIA+, socialismo, ambiente e milhares de outros temas sobre os quai também temos toda a capacidade de falar, pois somos pessoas complexas e existimos para lá da nossa experiência de pessoa racializada.

Vamos fazer na periferia o centro da conversa, na Amadora – onde eu e muitas pessoas semelhantes a mim nasceram e viveram. Na Escola Secundária D.João V, nos dias 29 e 30 de junho, esperamos por ti, independentemente da tua descendência, junta-te a nós neste nosso primeiro grande encontro.

Um espaço para todas nós, para construir o nosso futuro, a nossa libertação!