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O acampamento ao qual carinhosamente nos referimos quando usamos a expressão “ir à IV”, é na realidade o “Rencontres Internationales de Jeunes”, uma das atividades anuais de formação política que a malha jovem da IV Internacional organiza. Aqui, camaradas de diferentes origens e militâncias reúnem-se durante uma semana para discutir política, trocar experiências de organização, e aproveitam a especial oportunidade de aprender e conviver dum modo informal com outras camaradas. Este ano o 38º acampamento prolongou a estadia em Vieure, França, e contou com cerca de 150 participantes entre as 10 delegações, a portuguesa representada por 6 elementos da Rede Anticapitalista.
Este ano foi possível remarcar a RA como membro ativo em todos os aspetos do acampamento, dada a proximidade que adquirimos aos processos e à solidificação de relações iniciadas na IV do ano passado, que este ano se tornam em laços de camaradagem duradouros. Um destaque especial desta edição foi a muito boa receção pela parte das camaradas que assistiram e participaram nos nossos workshops sobre o ‘Movimento Referendo pela Habitação’ e sobre a ILC ‘Direito aos cuidados, cuidado com direitos’.
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Workshops abordaram assuntos diversificados como: o homonacionalismo e a sua proliferação nas sociedades nórdicas e Israel; a apropriação da luta ecológica pela direita, que aplica as perspetivas colapsologistas e anti-modernistas para discriminar o sul global e minorias étnicas; o estado da luta independentista em nações neocoloniais que sofrem, entre outras opressões, de controlo monetário externo através do Franco (CFA); Frontex e a Fortaleza Europa; o impacto do caso Amber Heard no movimento Masculinista; a ofensiva transfóbica no Reino Unido como frente do movimento reacionário; a importância (ou não) do parlamentarismo em partidos revolucionários.
Também foram organizados workshops práticos em simultâneo com os workshops “habituais” onde, ao invés de haver um círculo de discussão após uma detalhada introdução, há aprendizagens mais práticas: construir tripés para bloquear estradas, comunicar em segurança e privacidade, autodefesa feminista, e proteção coletiva em ambiente de ações de rua.
Lado a lado com o espaço feminista, LGBTQ+, e racializado, surge este ano um espaço Trans, onde camaradas que se identificam como trans refletiram em como lutar o crescente pânico moral relativamente à não-conformidade de género.
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O conhecimento dos rituais do acampamento e uma atitude pensada em como devíamos abordar as reuniões interdelegação resultaram num melhor aproveitamento do nosso tempo, algo crucial neste acampamento, onde é raro haver tempo para descansar, salvo um ou outro slot pensado para esse mesmo motivo.
Nas reuniões interdelegação, tivemos a oportunidade de ouvir relatos de processos similares aos que a nossa organização passou e passa, que seguiram rumos distintos, nem sempre fadados a colaborações tão promissores quanto as que historicamente mantemos. É ponto de partida para refletir como chegámos aqui ( organizacionalmente ), para termos orgulho do trabalho realizado pelas camaradas que trilharam o caminho, e a inspiração para continuar a fazê-lo para as gerações seguintes.
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Esta é a realidade para as participantes da RA, que olham para o acampamento como uma experiência importante na sua formação política, militante, e pessoal. Neste espaço também reconhecemos o que nos liga internacionalmente a estas camaradas desconhecidas: não somos só nós que praticamos a militância dos afetos, que lutamos pelos cuidados e pela habitação, que levamos orgulhosamente a luta pelas causas no peito, que ambicionamos um sistema livre de opressões; Isto é óbvio, mas vê-lo com os nossos próprios olhos é uma intensa sensação que vai de rejuvenescedora a emocional e se realiza nas lágrimas que, inesperadamente, nos acompanham até casa.
A próxima paragem do 39º acampamento ainda está por decidir, mas nós mal podemos esperar para montar as nossas tendas e, com sorte, teremos a tua ajuda!