Contra-cartografias LGBTQIA+

A descentralização e cooperação do movimento ativista português mostra ser uma ferramenta importante para a visibilização das interseccionais desigualdades e reivindicações de pessoas LGBTQIA+. Sendo estes espaços de celebração e reivindicação política, agregados de causas diversas, a descentralização da mobilização LGBTQIA+ mostra a importância para a necessária mudança de mentalidades e fortalecimento da cidadania participativa. Este é um caminho que quer no continente como nos arquipélagos, do Norte ao Sul do país, do litoral ao interior, o compromisso perante o combate à discriminação e saudação aos princípios de dignidade humana se mostram afirmar.

Almada

As periferias da capital são permanentemente condicionadas a confluir as lutas e as reivindicações na cidade de Lisboa, tanto pela tradição simbólica e de organização como pela centralidade geográfica e de mobilidade.
A comunidade de Almada exprime cada vez mais uma necessidade de emancipação da formação de Lisboa. Não queremos de ter que ir sempre ao outro lado do rio para gritarmos pela nossa visibilidade, pelos nossos direitos.
Não creio que visemos uma Marcha do Orgulho em Almada para amanhã já. A prioridade está na criação de uma rede militante proximal, com organizações e ativistas que desenhem a luta LGBTI+ no território, na população e na política local.
Mas visamos a descentralização das marchas já existentes, nomeadamente a Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa. Esse esforço passar pela divulgação e pela dinamização de atividades que ultrapassem as fronteiras do concelho de Lisboa, interagindo com as populações dos restantes concelhos da Área Metropolitana. É um propósito que urge a integração de ativistas e movimentos das periferias nas organizações das marchas centrais, projetando a voz e experiência das pessoas LGBTI+ das periferias.
Lisboa é uma bolha e as pessoas LGBTI+ de Almada e das periferias não podem ser engolidas por uma narrativa que reflete apenas a experiência centralista.
Queremos uma luta que ocupe todo o país, fortalecendo as estruturas dos territórios fora dos grandes centros urbanos, onde a população LGBTI+ acumula diferentes pesos de discriminação. Queremos marchar todo os dias do mês, em todos os lugares, com todas as nossas irmãs.
E num futuro não longínquo iremos pintar a Avenida Bento Gonçalves e Almada de arco-íris.

Braga

Em Braga, a luta pelos direitos LGBTQIAPN+ é constante. Ainda vemos os nossos cartazes a ser arrancados, a nossa ida para a rua condicionada e a nossa comunidade violentada das mais diversas formas. É por isso urgente continuar a marchar, reivindicar e ocupar o espaço que é nosso por direito. Nós existimos e resistimos, face a uma sociedade e cidade que ainda não nos deixam “ser felizes, porra!”

Coimbra

Marchar é um ato revolucionário que se deve espalhar a todos os territórios, na medida em que por todo o país existem preconceitos e conservadorismos camuflados de normalidade. Coimbra tem a importância simbólica de ser a primeira marcha a romper com o binómio das grandes cidades, abrindo caminho para a primavera das marchas que agora vivemos.

Évora

Num país que se move a diferentes velocidades, torna-se urgente que Évora consiga tecer de raíz a mais eficaz das forma de resistência: pontes entre as pessoas que permitam a construção de uma rede de suporte em forma de comunidade.